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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Glaucoma


Glaucoma — distúrbio que provoca perda da visão

FOCALIZE por um momento a última palavra dessa sentença. Sem mover os olhos, veja se consegue enxergar alguma coisa acima, abaixo ou dos lados desta revista. É provável que você consiga, graças ao que é conhecido como visão periférica. Essa habilidade o deixa ciente de alguém de aparência suspeita que vem se aproximando do seu lado. A visão periférica ajuda-o também a não tropeçar nos objetos no chão e a evitar que bata contra as paredes quando caminha. No caso dos motoristas, a visão periférica pode alertá-los quando um pedestre desce do meio-fio.

Mas mesmo enquanto lê esta página, você pode estar perdendo sua visão periférica, lentamente — sem perceber. Estima-se que, em todo o mundo, 66 milhões de pessoas são afligidas por um grupo de doenças oftalmológicas conhecidas coletivamente como glaucoma. Desse número, mais de cinco milhões ficaram cegos, fazendo do glaucoma a terceira maior causa de cegueira permanente. “Até mesmo em países desenvolvidos, que têm programas de esclarecimento sobre o glaucoma, 50% dos doentes permanecem sem ser diagnosticados”, declara a revista médica The Lancet.
Quem corre risco de desenvolver o glaucoma? Como o distúrbio é detectado e tratado?

O que é glaucoma?


Primeiro precisamos conhecer um pouco mais os olhos. A Fundação Glaucoma, da Austrália, elaborou uma brochura que explica: “A pressão intra-ocular causa um endurecimento do olho — os tecidos macios do olho ficam ‘inflados’, como um pneu de carro ou um balão.” No interior do olho, uma glândula chamada corpo ciliar bombeia um líquido, o humor aquoso, dos vasos sanguíneos para dentro do olho. “O humor aquoso circula [na câmara anterior do olho] bem fundo no olho, alimentando as estruturas visuais vivas e fluindo para a corrente sanguínea através de um tecido poroso parecido com uma peneira, chamado malha trabecular.”


Se essa malha ficar bloqueada ou comprimida por alguma razão, a pressão intra-ocular aumentará chegando a causar lesões nas delicadas fibras nervosas na parte posterior do olho. Esse problema é chamado glaucoma de ângulo aberto e representa cerca de 90% de todos os casos da doença.

A pressão intra-ocular pode variar de hora em hora e é afetada por diversos fatores que incluem a freqüência cardíaca, a quantidade de líquido que você ingere e a posição do corpo. Essas variações naturais não causam danos ao olho. A pressão intra-ocular elevada, por si só, não é sinal de glaucoma visto que a pressão “normal” varia de pessoa para pessoa. Mas pode ser um dos indicadores do distúrbio.

Uma forma rara dessa doença é chamada de glaucoma agudo, ou de ângulo fechado. Diferentemente do glaucoma de ângulo aberto, apresenta um aumento repentino da pressão intra-ocular. Causa dor violenta no olho, acompanhada de visão embaçada e vômito. Se não for tratado dentro de poucas horas depois do aparecimento dos sintomas, muitas vezes causa cegueira. Outra categoria é chamada de glaucoma secundário. Como o nome indica, esse tipo é desencadeado por outros problemas no olho, como tumor, catarata ou traumatismo. Um pequeno grupo de pessoas é afligido pelo quarto tipo, o glaucoma congênito. Outros o desenvolvem logo após o nascimento. Indicativo disso é quando a criança tem os globos oculares aumentados e grande sensibilidade à luz.


Como provoca a perda da visão

O glaucoma pode provocar a perda de quase 90% da visão de um olho sem que você o perceba. Como isso é possível? Todos nós temos um ponto cego na parte posterior de cada olho. Essa mácula na retina, onde as fibras nervosas se juntam para formar o nervo óptico, não possui células sensíveis à luz. No entanto, você não percebe esse ponto cego porque o cérebro tem a capacidade de suprir as partes da imagem que faltam. Ironicamente, essa habilidade do cérebro é o que faz do glaucoma um distúrbio tão insidioso.

O Dr. Ivan Goldberg, um importante oftalmologista australiano, falou a Despertai!: “O glaucoma é chamado de ladrão furtivo da visão porque não apresenta nenhum sintoma. O tipo mais comum de glaucoma é lento e progressivo e, sem dar nenhum aviso, causa danos às fibras nervosas que ligam os olhos ao cérebro. Se os olhos lacrimejam ou não, se estão secos ou não, se você enxerga bem quando lê e escreve ou não, isso não tem nada a ver com o glaucoma. Você pode não sentir nada nos olhos e ainda assim estar com glaucoma sério.”

Como diagnosticar o distúrbio


Infelizmente, não existe um exame abrangente para diagnosticar o glaucoma. Usando um aparelho conhecido como tonômetro, o oftalmologista começa verificando a pressão do humor aquoso nos olhos. Com o instrumento ele comprime suavemente achatando a córnea, a parte anterior do olho. A força usada é medida e assim determina-se a pressão intra-ocular.


O oftalmologista também procura sinais do glaucoma usando instrumentos que identificam tecidos danificados na estrutura das fibras nervosas que ligam o olho ao cérebro. O Dr. Goldberg diz: “Observamos se as fibras nervosas ou os vasos sanguíneos na parte posterior apresentam alguma irregularidade quanto à forma, o que poderia indicar que esses nervos estão sendo danificados.”

O glaucoma também é diagnosticado pelo exame do campo visual. O Dr. Goldberg explica: “A pessoa olha para dentro de um recipiente côncavo em que brilha uma luz branca, e um pequeno ponto é iluminado por uma luz ainda mais branca. Daí ela aperta um botão quando consegue ver esse ponto mais iluminado.” Se a pessoa não perceber a luz branca, quando estiver no limite do campo visual, pode ser uma indicação de glaucoma. É um procedimento um tanto tedioso e, para simplificá-lo, novos instrumentos estão sendo desenvolvidos.


Derrote o glaucoma?


Será que o glaucoma está provocando a perda da sua visão? Se você nunca fez um exame de glaucoma — e especialmente se você faz parte do grupo de risco — seria bom solicitar um exame ao seu médico. O Dr. Goldberg diz: “Muitos danos causados pelo glaucoma podem ser evitados se buscarmos logo um tratamento apropriado.” Sim, você pode evitar esse distúrbio que provoca perda da visão!

Fonte da matéria: Despertai

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