Pesquisar este blog

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Transtorno Bi Polar

Como conviver com um transtorno do humor


OS TRANSTORNOS do humor são assustadoramente comuns. Só para citar um exemplo, calcula-se que mais de 330 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão grave, condição caracterizada por tristeza devastadora e perda de prazer em realizar as atividades diárias. Estima-se que em 20 anos, depois das doenças cardiovasculares, a depressão será a moléstia que atingirá o maior número de pessoas. Não é de admirar que, entre as doenças mentais, a depressão seja considerada ‘tão comum quanto um resfriado’.


Em anos recentes, o distúrbio bipolar tem recebido maior atenção do público. Os sintomas dessa doença incluem flutuações drásticas de humor, que oscilam entre a depressão e a mania (euforia exagerada). “Na fase depressiva”, diz um livro recente publicado pela Associação Médica Americana, “a pessoa pode ter pensamentos suicidas recorrentes. Na fase maníaca, ela pode perder totalmente o senso crítico e não enxergar o dano causado pelas suas ações.”


Há estimativas de que o distúrbio bipolar afeta 2% da população dos Estados Unidos, o que significa que há milhões de pessoas com essa doença só naquele país. Mas as estatísticas não dão idéia do sofrimento das pessoas que têm de conviver com um distúrbio do humor.


Depressão — tristeza devastadora


A maioria de nós já nos sentimos tristes. Mas em geral o humor melhora em questão de horas ou dias. A depressão clínica, porém, é muito mais grave. Em que sentido? “Quem não tem depressão sabe que as flutuações de humor são passageiras”, explica o Dr. Mitch Golant. “Mas o indivíduo deprimido tem altos e baixos e alternâncias freqüentes de humor, como se estivesse num trem desgovernado, sem saber direito como ou quando — ou se — vai descer dele.”


Existem diversos tipos de depressão clínica. Algumas pessoas, por exemplo, sofrem do que é chamado de distúrbio afetivo sazonal, que se manifesta numa época específica do ano — geralmente no inverno. “As pessoas com esse distúrbio dizem que quanto mais perto do pólo ártico vivem, e quanto mais nublado o tempo, pior a depressão”, declara um livro publicado pela Sociedade Médica do Povo. “Embora o distúrbio afetivo sazonal tenha sido associado principalmente a dias sombrios de inverno, em alguns casos tem a ver com ambientes de trabalho escuros, dias nublados ou problemas de vista.”


Qual é a causa da depressão clínica? Não se sabe ao certo. Em alguns casos, fatores genéticos podem estar envolvidos. Contudo, na maioria das vezes, as experiências pelas quais a pessoa passa na vida parecem exercer grande influência. Observa-se também que essa doença atinge duas vezes mais mulheres do que homens. Mas isso não significa que os homens sejam imunes. Muito pelo contrário, calcula-se que entre 5% e 12% dos homens terão depressão clínica em alguma época de suas vidas.


Às vezes a pessoa pode obter muito alívio desabafando seus sentimentos com alguém compreensivo. Mesmo assim deve-se admitir que, quando fatores bioquímicos estão envolvidos, pensamentos positivos por si só não bastam para afastar a depressão. Na verdade, em tais casos, a pessoa não tem controle sobre o humor. Além disso, a própria pessoa pode se sentir tão confusa com a situação quanto os familiares e os amigos.


Não se deve desperceber o forte impacto que a depressão pode ter sobre os membros da família. “Quando alguém que você ama está deprimido”, escreve o Dr. Golant, “você praticamente vive na incerteza, pois nunca sabe quando a pessoa vai sair ou entrar numa crise depressiva. É possível que sinta um grande vazio — ou até mesmo tristeza e raiva — de que as coisas saíram do seu curso normal e talvez nunca mais voltem a ser como antes.”


Muitas vezes os filhos sabem quando o pai ou a mãe estão deprimidos. “A criança que tem mãe deprimida se torna muito sensível ao estado emocional da mãe e consegue detectar cada flutuação sutil e cada mudança de humor”, escreve o Dr. Golant. A Dra. Carol Watkins diz que os filhos cujo pai ou mãe são deprimidos têm “maior propensão a apresentar problemas de comportamento, dificuldade de aprendizagem e de relacionamento com colegas. Eles também têm maior probabilidade de serem depressivos.”


A imprevisibilidade dos distúrbios bipolares


A depressão clínica sem dúvida é um problema difícil. Mas quando é acompanhada por períodos de euforia, a doença é chamada de distúrbio bipolar. “A única coisa previsível a respeito do distúrbio bipolar é que ele é imprevisível”, diz Lucia, que tem essa doença. Nas fases de mania, diz o The Harvard Mental Health Letter, a pessoa “pode se tornar insuportavelmente inconveniente e dominadora, e a euforia descomedida e agitada pode facilmente transformar-se em irritabilidade ou raiva”.


Membros da família muitas vezes se sentem confusos com o comportamento imprevisível dos que têm distúrbio bipolar. Ironicamente, a própria pessoa se sente igualmente — se não mais — aflita com o problema. O que causa o distúrbio bipolar? O componente genético é mais determinante do que na depressão. “De acordo com alguns estudos científicos”, diz a Associação Médica Americana, “os membros da família imediata — pais, irmãos ou filhos — dos que têm depressão bipolar correm de 8 a 18 vezes maior risco de desenvolver a doença do que os parentes próximos das pessoas saudáveis. Além disso, a pessoa que tem alguém na família imediata com depressão bipolar pode ser mais vulnerável a depressão profunda.”


Diferentemente da depressão, o distúrbio bipolar parece afetar homens e mulheres na mesma proporção. Na maioria dos casos, a doença se manifesta no início da fase adulta, mas pode acometer adolescentes e até crianças. No entanto, mesmo para os especialistas, não é nada fácil analisar os sintomas e chegar a um diagnóstico correto. “O distúrbio bipolar é o camaleão dos transtornos psiquiátricos. Os sintomas variam de um paciente para outro, e o mesmo paciente pode apresentar sintomas diferentes a cada episódio”, escreve o Dr. Francis Mark Mondimore, da Universidade Johns Hopkins de Medicina. “Ele pode acometer a pessoa com melancolia profunda, desaparecer por anos, e daí atacar novamente — mas com uma euforia desmedida.”Torna-se claro que os transtornos do humor são difíceis de diagnosticar, e conviver com eles pode ser ainda mais difícil.

Fonte da matéria: Despertai

Nenhum comentário:

Postar um comentário